Assédio: A Arte imita a vida?! De Bozó à José Mayer (e outros tantos)
Assédio: A Arte imita a vida?! De Bozó à José Mayer (e outros tantos).
Com minhas desculpas aos muito jovens mas o episódio com o José Mayer me fez lembrar que nos anos 90, Chico Anysio encarnou um dos seus mais brilhantes personagens: o Bozó.
Tratava-se de um homem feio, deselegante e caricato que buscava obter vantagens sobre as pessoas, principalmente mulheres.
Usando um crachá com logo da emissora e numa conduta arrogante e de muito poder (numa suposta autonomia para distribuição de papéis em programas e novelas), saía se vangloriando aqui e ali.
As moças que quisessem oportunidade deveriam passar pelo tal “teste do sofá”.
O bordão do personagem era: “Eu trabalho na GLOBO” … o que aumentava as expectativas das moças que buscavam oportunidade na carreira artística.
No quadro, o personagem sempre era flagrado na tal mentira e o seu insignificante papel nos bastidores da emissora o impediam (no último minuto) de tirar vantagem da ilusão que criava.
Veja aqui o próprio Chico falando do personagem e um dos seus capítulos.
Duda Rangel, jornalista, falou da “Síndrome do Bozó” nas mídias há alguns anos atrás.
Segundo ele vários profissionais em diversos níveis da emissora agiam como o tal “personagem caricato” (que pensávamos existir apenas no programa humorístico) fazendo valer o crachá acima de qualquer regra ética.
Talvez o Chico Anysio já se inspirasse neles, quem sabe?!
Pois bem, listada a conexão que fiz com o Bozó passo a tal carta do José Mayer.
Ele justifica sua conduta apontando como um comportamento comum aos homens da geração dele.
Não mesmo. A coisa ficou ainda pior com a carta pois penso que se pudessem muitos homens da geração dele sairiam com suas próprias camisetas:
MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODOS!
Lamentável. A geração dele (da qual faço parte) trouxe homens íntegros e respeitosos, tenho vários para exemplificar: colegas de trabalho, amigos, marido, irmãos, familiares que NUNCA pensaram que podiam usar desta conduta.
Que infeliz discurso!
Falta de educação de berço eu diria e não de uma geração como ele fez parecer.
Mas temos Bozós e Josés Mayer em todos os ambientes, é verdade. Mas também a versão feminina deles.
A “vista grossa” de várias organizações e até a “falta de coragem para denunciar” fazem com o que ocorreu neste episódio com a figurinista esteja multiplicado em muitos bastidores e lágrimas nos banheiros corporativos.
Assisti muitos pedidos de demissão como única forma de evitar o sofrimento diário.
Homens e mulheres que assediam não apenas sexualmente mas moralmente as pessoas. Ambas violências que deixam marcas para sempre!
Que o tal episódio não termine numa “carta supostamente arrependida” mas em sanções e indenizações para servir de exemplo à quem ache isso um padrão de comportamento ainda tolerável no século XXI.
Ah sim e que a figurinista não perca o trabalho (ou seja “congelada”) por ter trazido à tona tudo isso.
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