Coaching de Vida: Saudade em dimensões

A amizade é um dos sentimentos mais generosos que existe. Podemos entregá-la à quem quisermos. Ela não exige exclusividade e nem pode se dizer maior ou menor em relação ao tempo ou a dimensão em que a estabelecemos ou mantemos. Ela não tem rigor de critérios de merecimento. Amamos porque amamos e pronto.

Os laços de família  nos permitem estabelecê-la sustentada por muitas experiências comuns. Mas nem sempre isso é uma regra. Ser amigos de irmãos, primos, tios, pais e avós  é preservar memórias que trazem em si o dna de quem somos, que traz o elo que liga nossa história e como evoluímos para chegar até aqui. Transmite através do vínculo da hereditariedade parte daquilo que nos tornamos e que nos transformaremos para a eternidade.

Escolher amigos é diferente. Para termos amigos antigos ou recentes a vida exige dedicação e muita generosidade. Não estou falando de presença física apenas. Falo de atenção e carinho. De vibrar pela felicidade do outro e ajudar no que for preciso. De uma palavra de conforto e de ajuda quando ele precisa de algo, mesmo que não peça. Da presença quando o outro não está bem, mas também para que ele se sinta feliz.

A vida é feita de todos os momentos, mas são os momentos alegres que nos sustentam, por isso não devemos privar nossos amigos daquilo que é bom. Fará bem à ele e à nós mesmos!  Inclua! Registre!

Ninguém fotografa momentos tristes. Sempre veremos registrados os momentos de alegria porque são eles que vão testemunhar que sempre valeu a pena. Que apesar de tudo o que passamos, de nossas perdas, que há uma compensação que se faz muito maior que nosso sofrimento. Eles comprovam que naquele exato momento estávamos onde deveríamos estar.

Se soubermos manter nossos laços nunca nos sentiremos sós.

Sentir saudades de amigo é primeiro deixar vir uma emoção positiva ao lembrar-se dele, esteja ele nesta ou noutra dimensão. A primeira voz que ouvimos é a que vem do coração como disse o Milton Nascimento e o Fernando Brand nesses versos aí. É aquela que guardamos. É aquela que preservamos para sempre porque nos é preciosa.

Mas para nós latinos o que causa maior aperto no coração é a impossibilidade de olhar nos olhos, de por a mão e ouvir a voz. Para nós maior saudade é aquela que foge e impossibilita o abraço…que está além desta dimensão ou do desejo puro de estar presente. Para essa nosso lado emocional nem sempre está preparado.

Então devemos nos vestir de esperança para aguardar este encontro com nossos amigos (aqui ou lá)… seja ele quando for. Sustentar e preservar todo o carinho que temos para entregar até lá. 

“O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.”