Humildade e confiança para recomeçar

Não é fácil iniciar um novo caminho.

Quando a opção é deixar uma carreira estável, onde se passou a vida dedicado a aprender aquilo e onde o aprendiz tornou-se especialista, a insegurança passa a dominar, porque era pelo conhecimento que havia o sustento de tudo.

Abrir mão de todo aquele conhecimento, de todo aquele status, de todo o padrão que se criou, por escolha própria ou não, é assumir que é preciso desaprender, esquecer, recomeçar. Encarar as incertezas, os novos percursos, adaptar o modelo do novo caminho à toda hora. Certezas não existem.

Se isto ocorre aos 20 anos, há menos bloqueios e isso parece bem mais simples. Há muito discurso pronto sobre trabalho com significado, travessia de carreira com muita tranquilidade, mas esta é um jornada que exige muito mais dedicação que as primeiras escolhas.

Como dizia um humorista lá do programa do Pânico, é preciso “calçar as sandálias da humildade” para começar uma nova história. Jogar fora toda a bagagem que pesava nos ombros para livrar-se do sofrimento pois tudo tem seu preço. Mas é preciso manter-se fiel à decisão, sem arrependimentos. Ser humilde nada tem haver com submissão. É preciso ter reconhecimento a si mesmo.

 É preciso admitir que não se vê o caminho; que não se consegue engrenar o plano como imaginado; que as pessoas não estão convencidas daquela ideia; que o plano está errado. Que desconhece como fazer.

É preciso voltar para a prancheta. Ouvir quem sabe. Parar de ouvir quem além de não saber se faz soberbo e acha tudo simples ou que qualquer caminho serve.

É preciso se conectar a maestria existente em si mesmo. Deixar que ela venha, que ela submerja do mar dos medos e inseguranças.

É preciso resgatar a confiança em si mesmo e naquilo que se é, muito além de qualquer conhecimento específico, especialista. Confiança tem haver com coragem.

As grandes descobertas e os grandes ensinamentos da vida são simples, nasceram da observação de alguém que pára de olhar a “árvore” para ver a “floresta”. Se afasta do problema para ver de outro ângulo. Assume o contorno quando necessário e o faz com a confiança de ser capaz. Se reconhece único e inovador. Constata  ao final ser criador e curador de si mesmo, como foi desde o princípio.