Autocoaching: Pregando botões!
Ela estava lá na varanda do apartamento…pregando botões. A caixa cheia deles e as casas das camisas e punhos vazias… como seu coração. Tentava processar seus sentimentos e suas perdas mais recentes. Buscava encontrar o sentido para aquele vazio.
Passava a linha pela agulha. Pensava se deveria dar o nó em apenas um dos lados da linha ou se em ambos para deixar mais forte o botão, evitando que ele caísse novamente. Temia no entanto que ficasse grosseiro o serviço com a linha dupla…e para cada uma das peças avaliava o que era melhor.
Se deu conta que também tinha repetido este movimento na vida: algumas relações construídas com mais perfeição porém mais frágeis, perdendo-se com o tempo e as lavagens que a vida dá; outras não tão bonitas no acabamento, mas duráveis e surpreendentemente fortes nos momentos mais difíceis, como aquela construída com seu amor de adolescência que agora a ampara com tanta dedicação.
Na mente a memória rebusca os elos…os ganhos daquela convivência que agora se encerrava.
Ainda era possível ouvi-la dizendo:
– Você vai aprender outras coisas, não será boba como eu. Vai fazer culinária, aprender a costurar, qualquer coisa que a faça diferente de mim.
Se ela pudesse responder talvez dissesse:
– Ah mãe, queria ficar aqui perto de você mais um pouco.
Mas…obedeceu porque nunca lhe foi dada a alternativa de discordar.
Foi assim que aprendeu a costurar e agora possibilitava que os botões pudessem estar nas casas. O propósito para aquele fim tinha se dado. Mas se perguntava: era o mais importante?! Ah mãe, que pena!
Passou a vida sem entender aquela relação. Constatou que todos os adiamentos agora findavam, sem qualquer possibilidade de entendimento e perdões conjuntos, e que terá de processá-los consigo mesma, como foi desde o princípio.
Ela terminou de pregar os botões e pendurou as roupas no armário, onde são os seus lugares. Fechou as portas atrás de si com a certeza de ter feito o seu melhor e que a missão estava efetivamente cumprida.
– Gratidão e perdão para sempre mãe!
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