Carreira: Por que o pensamento sistêmico é tão requerido nos processos seletivos?
Não estou aqui pra falar mais do mesmo. Há experts que detalham isso de forma mais técnica. Sugiro lerem primeiro a matéria do João Baptista Vilhena, professor da IBE-FGV.
Quero trazer o assunto no contexto do dia a dia diferenciando o pensamento linear do sistêmico, e ajudando a entender porque este último é tão desejado como competência nas vagas publicadas pelas empresas.
Pensamento linear foca no problema e não nas causas ou nos seus efeitos.
Tem um incêndio? Solução: “Apaga o incêndio”… Pronto. Rápido. Resolvido…só que não (SQN como se diz por aí!)
Em questões ou erros complexos amanhã o problema estará lá de novo, com mesmas ou outras causas e efeitos desconhecidos. Nesse modelo encontramos profissionais heróis: simpáticos, rápidos, pouco críticos ou simplistas, que se consideram criativos. Soberba.
Não assumem método…se apegam ao sucesso daquela causa descoberta no calor do incêndio…
mas não confirmam pela monitoração se ela era a única ofensora. Não são pró-ativos. Preguiça.
Vamos à um exemplo: Uma central de serviços é criada principalmente para estruturar, endereçar e gerar informação. O profissional linear (cliente ou provedor do serviço) vê nisso a burocracia. Abre mão da central. Combinam canais de atendimento informais, mais rápidos, onde não é preciso esperar uma ordem de atendimento, tudo é prioridade…e onde claro é impossível medir eficiência(SLA) ou reincidências. Perde informação e a possibilidade de investigação. Se o propósito é este mesmo então está tudo certo. Duvido.
No começo será mágico: – Falei diretamente com quem resolve o problema. Acabou a burocracia.
Essa satisfação durará até o momento em que não houver dedicação ao problema cada vez mais reincidente…incêndios que prejudicam o resultado. Ou ainda quando ambos(cliente e provedor) não puderem ao histórico do que ocorreu, a inteligência do processo terá se perdido e voltamos às cavernas. Perderam performance de médio e longo prazos pois não possuem nada.
Daí você vê um anúncio de trabalho pedindo a tal visão sistêmica.
Por que será?! Na minha visão, porque com equipes mais enxutas, demanda escassa e resultados cada vez mais desafiadores a alcançar, não há tempo a perder. Precisamos sim apagar o incêndio de hoje, mas a conduta investigativa, inconformada e obstinada, é que impedirá a falha. É urgente reduzir as interrupções que prejudicam a produção e encarecem a operação.
O pensamento sistêmico é crítico, curioso e perseverante. Não fica olhando pro incêndio apagado com os louros do olimpo… vai procurar a(s) causa(s), avaliar se outros efeitos não podem estar relacionados com esta mesma falha.
O pensamento integrado com o sistema é que possibilita medir a senioridade de um profissional. Só quem já entendeu que o ambiente corporativo não é um laboratório e que tudo deve ser avaliado e analisado antes de ser feito, demonstra sua responsabilidade com o negócio da empresa, construindo planos e alternativas de riscos controlados, para solucionar um problema, mas sem deixar de proteger todo o meio de novas falhas originadas de soluções de pouca qualidade.
Um profissional deve preocupar-se em entender e atender este requisito nos processos seletivos. Desenvolver não apenas o conhecimento técnico que sustenta a forma como aplica as correções, mas principalmente na forma como compreende os processos cada vez mais complexos e interdependentes.
Este profissional deve desejar estar nesta empresa que entende e busca o valor de construir equipes performáticas de médio e longo prazos.